Disco Music
A música disco (também conhecida em inglês disco music ou em francês discothèque) é um estilo musical e de dança criado no início dos anos 70, principalmente a partir de de estilos como o funk, soul e a salsa.
Inicialmente, popularizou-se entre latino-americanos e negros nas grandes cidades norte-americanas. Deriva seu nome da palavra francesa discothèque, que denotava um clube noturno ou boate com música tocada em discos em vez de bandas ao vivo, algo excepcional à época. O nome "disco music" passou a abranger as variedades mais aceleradas e dançantes do soul e do funk, com alguma influência do pop e da salsa.
Origens
Como todos os gêneros musicais similares, definir um único ponto de início é difícil, uma vez que muitos elementos daquilo que hoje se chama "disco music" aparecem em gravações bem anteriores ao seu "boom" (como exemplo, a gravação de 1971 do tema do filme Shaft, feita por Isaac Hayes). Em geral se pode dizer que os primeiras músicas disco' surgiram em 1973, no entanto muitos consideram a música "Soul Makossa", do africano Manu Dibango (lançada em 1972) como o primeiro sucesso da "disco music" (cf. Jones and Kantonen, 1999). No começo, a maioria das músicas era consumida por pequenas audiências, em clubes noturnos e de dança, e não por um público mais amplo, ouvinte de rádio.
Entre as tendências sociais que contribuíram para o crescimento da disco music estão o aumento de consumo de gravações musicais entre negros e hispânicos acima do consumo do público branco, além do aumento da independência financeira das mulheres, da liberação gay e a revolução sexual (conforme Jones and Kantonen, 1999).
Entre as influências musicais que a disco recebeu estão o funk, o soul, a salsa e os ritmos musicais latinos ou hispânicas que originaram a salsa.
Entre as gravações de soul anteriores à disco music e que a influenciariam, os estudiosos Jones e Kantonen apontam:
Sly and the Family Stone - "Dance to the Music" (1968), e "Everyday People" (1968)
Stevie Wonder - "Yester-Me, Yester-You, Yesterday" (1969), "Superstition" (1972)
Incredible Bongo Band - "Bongo Rock" (1973)
Average White Band - "Pick Up the Pieces" (1974), "Cut the Cake" (1975)
A Philadelphia International Records (com a marca dos produtores Kenneth "Kenny" Gamble e Leon Huff) criou aquilo que chamou de "a música soul da Filadélfia" e dela temos as seguintes gravações:
Three Degrees - "When Will I See You Again" (1974)
Intruders - "I'll Always Love My Mama" (1973)
The O'Jays - "I Love Music" (1975), "Love Train" (1972)
MFSB - "TSOP (The Sound of Philadelphia)" (1974)
Entre as primeiras gravações da "era disco" feitas pela TK Records (segundo Jones e Kantonen, 1999) estão:
Betty Wright - "Clean Up Woman" (1972)
Harry Casey - "Get Down Tonight" (1975)
KC and the Sunshine Band - "That's the Way (I Like It)" (1975)
Entre os primeiros sucessos considerados "disco music", temos:
Harold Melvin & the Blue Notes - "The Love I Lost" (1973)
George McGrae - "Rock Your Baby" (1974)
Hues Corporation - "Rock the Boat" (1974)
LaBelle - "Lady Marmalade" (com o verso: "Voulez-vous coucher avec moi ce soir?") (1975)
É possível apontar também Barry White e seu Love's theme (de 1974), o grupo espanhol Barrabas, com sua gravação Woman (1972), e mesmo Philadelphia Freedom e Island Girl, de Elton John, como tendo elementos do que se tornou conhecido como disco' music, principalmente nos arranjos instrumentais.
Popularidade
Alguns singles que foram sucessos mas não conseguiram muito destaque começaram com Shirley Co. (Shame Shame, Shame), George McCrae (Rock me Baby)em 1974.
No ano de 1975 é que a "disco' music" realmente decolou, com sucessos como "The Hustle" (de Van McCoy) e o primeiro sucesso de Donna Summer, "Love To Love You Baby" (gravado na Alemanha) atingindo os primeiros lugares.
Em 1975 ocorreu o primeiro grande sucesso da Disco com KC & the Sunshine Band (Shake your Booty e That´s the Way- I like it). Neste mesmo ano teve o lançamento do primeiro "disco mix" (música remixada por um disc-jóquei), com a música de Gloria Gaynor "Never Can Say Goodbye".
O ritmo da "disco' music" também está presente em músicas como o tema musical da série de TV SWAT, de 1976 (gravado pelo grupo de estúdio Rhythm Heritage) ou a música "Gonna Fly Now", tema do filme "Rocky, o Lutador". Da Europa, surgiram grupos como Silver Convention e Boney M (na Alemanha), Santa Esmeralda (na França) e La Bionda (na Itália).
O grupo sueco ABBA, que inicialmente fazia um gênero romântico, também embarcou no "fenômeno disco'", com Dancin' Queen, Money, Money, Money, Gimme, Gimme, Gimme, Super Trouper, Voulez-vous e outras.
A popularidade do estilo atingiu o auge na chamada Era Disco, entre 1977 e 1979/1980, em parte devido ao filme de 1977 "Saturday Night Fever", com John Travolta (traduzido no Brasil como "Os Embalos de Sábado à Noite"). Este filme também foi responsável pela taxação do grupo Bee Gees como artista disco', taxação esta fundamentada nos sucessos disco' do grupo que estiveram na trilha sonora do filme, como Stayin' Alive, You Should Be Dancing e Night Fever, além de Tragedy, que é posterior ao filme.
Entretanto, esta taxação não procede, uma vez que os Bee Gees já tinham sido banda de rock, de country rock, de balada e posteriormente de pop e pop rock.
O fenômeno disco' também aumentou a popularidade de algumas formas de dançar pré-coreografadas. Até no Brasil o estilo deixou sua marca, com a novela Dancin' Days, da Rede Globo de Televisão (em 1978) e o efêmero sucesso do grupo As Frenéticas.
O mais interessante da Era Disco, é que não somente havia um estilo de música, mas um estilo de vida, uma moda em torno disso tudo. As pessoas não estavam preocupadas com o amanhã e sim com o hoje, portanto a pista de dança, era o local ideal para "soltar" todas as repressões e se libertar, em todos os sentidos.
A moda ultrapassava o limite do ridículo, com sapatos plataformas (quanto maior melhor) tanto para homens como mulheres. Calças boca-de-sino e golas gigantescas das camisas de popeline estampadas (novidade na época).
Basicamente, quase todas as Bandas de Rock tiveram um flerte com a Disco:
Rolling Stones
Queen
Blondie - Heart of Glass
Rod Stewart- Da Ya think I´m Sexy
O sexo livre teve seu ápice, já que todos contavam com anticoncepcionais baratos. Não era novidade festas regadas a sexo, drogas e música disco. Curiosamente a Era Disco termina justamente com a era de ascensão da AIDS.
Artistas populares da era disco
Abaixo os mais artistas e grupos com as respectivas canções, que realmente tiveram relevância, sucesso ou foram concentuais para o estilo musical
Chic
Le Freak (dos produtores Bernard Edwards e Nile Rodgers)
Sister Sledge
we are family
Tina Charles
Dance litlle lady dance
You set my heart on fire
I love to love
Michael Jackson
com o LP Off The Wall)
The Jackson Five
Blame it on boogie
Dee D. Jackson
Automatic Lover
Meteor Man
Ritchie Family
American Generation
Donna Summer
McCarthur Park
On the Radio
Hot Stuff
Love to love Baby
I feel Love
Gloria Gaynor
Never can say goodbye
I will survive
I´ll be there
Sylvester
ou Make me feel
Disco Heat
Boney M
Daddy cool
Ma Baker
It´s Holliday
Rivers of Babylon
Village People
YMCA
In the Navy
Macho Man
San Francisco
KC and the Sunshine Band
That´s the way (I like it)
Shake your booty
I´m your boogie man
Voyage
Souvernirs
The Trammps
Disco Inferno
Barry White
com sua Love Unlimited Orchestra.
Bee Gees
You Should Be Dancing
Night Fever
Tragedy
Nights on Broadway
Jive Talking
More than a Woman
Abba
Dancing Queen
Waterloo
Voulez Vouz
Gimme a Man after Midnight
Blondie
Heart of Glass
La Bionda
One for You, One for Me
Disco Roller
Wanna Be your Lover
Olivia Newton John
Xanadu
You´re the one that I want to
O sucesso do gênero foi tanto que grupos de outros gêneros, como os já citados ABBA e os Bee Gees (country rock), incluindo-se aí até grupos de rock, como The Eagles, Queen e Roxy Music e até os Rolling Stones e o The Clash acrescentaram toques de disco' music às suas músicas.
Blondie fez o mesmo na música "Heart of Glass". E nada (ou quase nada) escapou à "febre disco'" de regravações e criação de versões dançantes: até mesmo a 5ª Sinfonia de Beethoven ganhou versão disco' (compondo uma das faixas do LP Saturday Night Fever).
O papel dos Disc-Jockeys (DJs) e produtores
A disco music era diferente do rock composto e executado nos anos 60 por significar (apesar das muitas exceções) um retorno da influência dos produtores, que faziam contratos curtos, verdadeiros aluguéis de músicos, para produzirem sucessos para artistas diferentes, cujo papel era simplesmente o de cantar e divulgar as músicas. Isto pode explicar a opinião de alguns críticos de rock que odeiam a disco, afirmando que várias músicas "têm a mesma cara". Os principais produtores e mixadores da Era Disco' incluíam Patrick Adams, Biddu, Cerrone, Alec R. Costandinos, Gregg Diamond (produtor, em 1975, de More, More, More, interpretada por Andrea True Connection), Bernard Edwards (e seu parceiro Nile Rodgers, criadores do Chic), Rick Gianatos, Quincy Jones, François Kevorkian, Meco Monardo, Tom Moulton, Kenton Nix, Boris Midney, Vincent Montana Jr, Giorgio Moroder, Rinder and Lewis, e Michael Zager. Entretanto, aquilo que muitos críticos e fãs de rock enxergam como perda de autenticidade e credibilidade significou não exatamente um retorno à música dirigida pelo produtor, mas à música voltada para os ouvintes, que apreciavam dançar.
Fora da indústria fonográfica, diversos DJs (disc-jóqueis), muitos dos quais às vezes trabalhavam em estúdios como produtores e remixadores, tiveram muita influência no fenômeno. As vendas de discos muitas vezes dependiam, apesar de isso não significar garantia absoluta, do sucesso nas pistas de dança. Notáveis DJs incluíam Jim Burgess, Walter Gibbons, Francis Grasso (Sanctuary), Larry Levan (Paradise Garage), Ian Levine (Heaven), David Mancuso (The Loft), e Tom Moulton. Dentre as "discotecas" (aqui significando pista de dança, danceteria) mais famosas da época estava o Studio 54, em Nova Iorque, EUA.
No Brasil a Disco Music ganhou força em 1978 com a novela da Rede Globo Dancin' Days, onde Sônia Braga vivia o papel de Júlia, uma ex-presidiária que consegue vencer os preconceitos e os desafios, mas que na pista de dança, onde era a rainha da pista (dancing queen), ninguém se importava quem ela era e o seu passado de ex-detenta, apenas a viam como uma excelente dançarina disco.
Com esta onda, vários artista Brasileiros tiveram seu momento. Lady Zu (A noite vai chegar), Dudu França (Grilo na Cuca), Harmony Cats (Dancin' Days Medley), Gretchen (Freak Le Boom Boom), As Frenéticas (Dancin' Days, Perigosa).
Uma curiosidade era que a maioria das bandas Disco, era bandas de Estúdio e portanto dificilmente faziam excursões mundiais e o Brasil, mesmo que tivessem, era considerado uma incongnita (sem garantia de retorno), o que só mudou após o Rock in Rio (1985). Para sanar a ânsia dos fãs, muitas gravadoras incentivam e até produziam "covers" das versões oficiais. Duas tiveram destaque Braziliam Genghis Khan (cujo original era da Alemanha- Dschenghis Khan) e Dee Dee Jackson Cover (original da Alemanha- D.D Jackson).
No mesmo período foi a época de ouro das Discotecas (templos da era disco) onde tudo era permitido. Discoteca deriva do termo frances Discoteque, que na verdade é uma boate de médio porte, com pista dança, iluminação e música altamente dançante. Este conceito evoluiu posteriormente para as Danceterias e atualmente para os Dance Clubs, Clubs e Raves.
Retrocesso
Apontam-se muitas razões para a decadência da disco' bem no final dos anos 70, que vão desde a reação de puristas do rock até nada sutis sentimentos racistas e anti-gays. A música disco' e as coreografias que a caracterizaram eram taxadas não apenas de tolas, mas também de "efeminadas".
No Reino Unido, na mesma época em que surgiam manifestações "antidisco" nos Estados Unidos, uma publicação do Partido Nacionalista Britânico dizia que "a disco e sua pseudofilosofia de caldeirão cultural devem ser banidas, ou então as ruas britânicas ficarão cheias de adoradores da música soul negra", apesar de que isto já fosse realidade entre muitos jovens brancos daquele país por vinte anos.
Enquanto isto, aquela primeira audiência que consumiu a disco music, ao vê-la sendo difundida nos meios de comunicação, passou a buscar outras formas de música dançante, muitas vezes apenas a mesma disco' com outro nome. Já os fãs de rock tradicional, mais sério, criaram a expressão "Disco sucks!" (a Disco enche!). Uma rádio de rock em Chicago chegou a criar um evento em 1979 chamado "Disco Demolition Night" que envolvia a explosão de LPs de disco music, e a coisa quase terminou em tumulto.
Também nesta época, ficou claro o poder dos Disk Jockeys de rádios, pois quando estes boicotaram a Disco Music, o ritmo acabou por desaparecer, não totalmente, mas não da maneira que estava ocorrendo.
Descendentes, influência e renascimento
No início dos anos 80 músicos e grupos como George Benson, Patrice Rushen, os Brothers Johnson, The Commodores, S.O.S. Band e outros artistas lançaram sucessos claramente influenciados pela 'disco' (porém, sem o rótulo "disco music", que já parecia ter "cansado" o público. Eram rotulados apenas de dance music ou de funk).
Na Europa, com o fim da Disco Music, surgiu uma derivação que ficou conhecida como Eurodisco, na qual fundia os fundamentos da Disco Music (batida compassada e ritimada) com os recentes sintetizadores, teclados e baterias eletrônicas (Modern Talking, CC Catch, Bad Boys Blue, Joy, Julian entre outros.
Após 1980 a disco' music metamorfoseou-se e deixou influências nos gêneros que a sucederam, incluindo a chamada Acid house, Hi - Energy, House Music, Deep Disco, Garage, Acid Jazz e outras variações. E basta escutar I'm gonna get you de Bizarre Inc. (1993), Murder on the Dance Floor de Sophie Ellis - Bextor, One More Time de Daft Punk (2001), ou Can't Get You Out of My Head de Kylie Minogue para perceber o som disco', ainda que com outro nome, claramente presente.
Programa de Rádio
A Radio portuguesa AZ FM , situado em Oliveira de Azemeis atraves da frequencia 89.7 Azfm, executa de segunda à sexta às 15:30 e acaba às 16:30 o programa Túnel do Tempo com sucessos da Disco Music das decadas de 70 e 80.
Discotecas famosas
Studio 54 - EUA
Banana Power - Brasil
Papagaio Disco Club - Brasil
Ligações externas
História da música Disco (pt)
Disco Imperium, fansite de música Disco (en)
O Legado Da Disco Music
DropMusic - Revista Eletrônica
Nos tempos da Brilhantina
Grupo de Discussão sobre Disco Music
Disco Night
[1]
[2]
O Funk na era disco
Fontes de pesquisa (em inglês)
Michaels, Mark (1990). The Billboard Book of Rock Arranging. ISBN 0823075370.
Jones, Alan and Kantonen, Jussi (1999). Saturday Night Forever: The Story of Disco. Chicago, Illinois: A Cappella Books. ISBN 1556524110.
Fonte: Wipédia
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